você

segunda-feira, 9 de abril de 2012

No meu cobertor quentinho cheio de carinho e expectativas ainda existe um coração que passa frio, esperando apenas o momento certo para se aquecer. Pena que esse momento certo sempre vem acompanhado de um momento errado e passageiro, e o que se tornava quente volta assim a se tornar frio de novo. Um dia eu abro mão desses cobertores, dessas pessoas, desses toques, dessas peles, desses falsos sorrisos e dessas falsas paixões, mas hoje eu só quero ficar assim, encolhido embaixo desse cobertorzinho e abraçado ao meu travesseiro como se fosse meu maior confidente e ombro amigo. Só ele sabe o quanto já dormi chorando e só ele sabe que existe uma coisa que nem a mais quente das cobertas pode aquecer: a saudade. É cobertor parece que as noites serão longas para nós, ainda mais quando ao olhar pra você me lembro de um alguém que hoje em dia não pode mais comigo acordar. Nesse meu cobertor ainda existe tanto amor… Ainda existe tanto de você nele que fica difícil não querer voltar aquele momento, onde fazíamos coisas simples e sem graça mas que pareciam perfeitas quando estávamos frente a frente, rosto a rosto, alma a alma. O frio chegou e mais uma vez me fez lembrar você. Olhei aquela mesma cama onde juntos passamos tantos bons momentos e simplesmente sorri. Sorri porque nele ainda existe aquele cobertor. Aquele cobertor danado que se mexia tanto de madrugada e que hoje permanece imóvel como essa lembrança que ainda tenho de ti. Imóvel como esse amor que nunca deixou de existir. Imóvel… Tudo continua imóvel… Exceto você. Você que saiu andando sem me esperar. Que passou de várias ligações por dia para um apenas “Como é que você está?” no Natal ou em qualquer outra data destas que a gente lembra de alguém que finge gostar só para matar a saudade, o tédio ou essa vontade de se matar. Que ainda tentava ser somente amiga, mas que mostrava também que somente pode significar “Quero mais de você” ou apenas mais um pouco de sexo casual. Você que sempre andava com os mesmos amigos, as mesmas roupas e as mesmas intenções, muitas delas boas reconheço, mais grande parte eram apenas ilusões. Ilusões de uma vida que vi se perder aos poucos. Que triste perceber isso somente agora. Que triste olhar para esse cobertor quentinho e pensar que você também possui um, mas que não é em nossa casa e sim em um leito frio de hospital. Que triste saber que um dia chega a hora de todo mundo chegar ao fim. Não me arrependo de nada que nesta vida fiz, mas eu gostaria que ela tivesse um bônus. Que ela tivesse um segundo tempo. Um acréscimo para corrigir todos os erros dos tempos anteriores. Mas não é assim que as coisas são. E eu ainda tento te abraçar forte mas tão forte que sinto a sua pele macia e cheirosa, mas logo acordo triste e desiludido ao perceber que caí no sono aos braços desse meu cobertor. Pobre cobertor, você que vê tudo e sequer pode dizer nada. Que se entrega de corpo e alma a qualquer um que de ti se aproxima e que depois acaba muitas vezes jogado entre um canto escuro ou um lugar afastado. Mas mesmo assim você permanece quentinho, aguardando algum carinho. Não sei mais quem foi o cobertor desta história, se fui eu querendo te ter novamente ou você que tentava se agarrar a vida como se ela fosse esse cobertor, mas sei que nesta noite ao abraçar cada parte do meu corpo pude sentir o teu e tive a mais plena certeza de que estavas dormindo em paz. Boa noite cobertozinho, que a sua alma descanse em paz e que o amor que ainda tenho por ti aqueça esse meu coração frio, que tenta esquecer que foi contigo que sempre achou abrigo e que nunca mais poderá desse abrigo se apossar. E novamente volto a ficar apenas encolhido embaixo do meu cobertor e abraçado ao meu travesseiro como se fosse meu maior confidente e ombro amigo. Mas ele realmente sempre foi meu maior confidente e ombro amigo, você sabe. Quando você ia embora, era com ele que eu chorava e perguntava aonde não deu certo. E essa parece que será mais uma noite onde durmo chorando… Lembrando da imensa falta que você faz. Lembrando que só agora deu tempo de se despedir. Lembrando porque não deu tempo de ficar e lembrando também que as minhas despedidas contigo nunca eram para sempre, só que desta vez foram. Adeus cobertorzinho, dorme bem. Um dia eu passo aí para contigo ficar. E nesse dia espero que estejas com bastante tempo livre, pois serei seu para sempre. Um dia. E até esse dia chegar eu permanecerei por aqui, vivendo meus sonhos de carinho e expectativas não por você, mas pela vida que ainda me resta e com a mais plena certeza de que um dia ainda vou te reencontrar.

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