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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Passa ou me deixe passar.


Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rastro, 
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão. 
A ave passa e esquece, e assim deve ser. 
O animal, onde já não está e por isso de nada serve, 
Mostra que já esteve, o que não serve para nada. 
A recordação é uma traição à natureza, 
Porque a natureza de ontem não é natureza. 
O que foi não é nada, e lembrar é não ver. 
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!”
Fernando Pessoa. 

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